Tão delicado que tive medo de tocar.
Meus dedos brutos poderiam quebra-lo.
Respirar muito perto poderia derreter.
Era tão puro, que preferi manter distância.
Eu amava aquilo.
Tinha uma imensa vontade de levá-lo sempre junto à mim.
E tive muito medo que o estragassem.
Guardei no porão e lá deixei.
Fique tranquila por julgar que lá ele não se quebraria.
Lutei bravamente contra a saudade.
Mas um dia não pude mais contê-la.
Fui impelida a visitar meu guardado.
Abri as portas devagar...
Desci as escadas pisando muito levemente em cada degrau...
Quando liguei a luz e vi o que havia acontecido: desespero.
O que eu guardei com tanto carinho estava coberto de poeira.
As teias de aranha o cobriam como um manto.
Havia rachaduras por toda parte.
E marcas da passagem de animais por ali.
Comecei chorar louca como estava!
Pretendi guardar o afeto que sentia por alguém.
Não usá-lo o destruiu mais que o próprio uso.
A dor foi tão forte...
Peguei um pedaço afiado do afeto...
Rasguei meu peito com ele.
Tirei um pedaço do meu coração e deixei no porão.
Não volto mais lá.
Mesmo assim, algo me diz que ambos estão vivos e fortes.
Não quero ter certeza, tenho medo de estar errada.
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