sexta-feira, 27 de abril de 2012

Causa mortis


Por ficar a cabeça pesada, quente e insuportável.
Por desejar incessantemente um momento de paz.
Por ficar à espreita de uma brecha de sentimento.
Por ficar aceitando migalhas de esperança.
Por não se desenvolver como quer.
Por dizer aquilo que pensa.
Por concluir algo sem resposta.
Por ser de duro caráter.
Por querer uma melhora instantânea.
Por querer que a vida continue nos outros.
Pôr do sol.

Não faz sentido não fazer.
O mundo não aceita incógnitas.
Hoje ser. Amanhã sabe-se lá o que!
E o frio abraça no espaço breve, 
entre o vaso na parede e o porta retratos no chão.
Portas, muitas incontáveis.
As decisões estão certas.
Incerto é aquele que esbarra, por não olhar o caminho.
Estar de cabeça erguida é condenável.
Fite o chão. Filma-o! Decore! 
Diga que o ama. E amará para sempre. 
Não deseja o amor do céu, 
por não poder, 
por não dever.
Pés presos ao chão.
Pesos ao chão.

Desejando que a vaidade caia à máscara.
Que o balanço arrebente o lado forte.
Finda a contentação momentânea.
Sem direito de falar.
Sem poder duvidar de tudo.
Sem poder sentir.

Morre aos poucos...
no aconchego do lar e da solidão.

Causa mortis Originalidade.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Homenagem à gitana.


Ao som do batucar, mexe o quadril.
Para lá  e para cá, te encanta o ondular.
A serpente e seu olhar.
Te laça no giro.
Sacode os ombros devagar.
Olhos abusadamente expressivos, 
te chamam para o encanto, 
para delícias, enganos.

Mulher de giros e atitudes.
Eis que lança uma coxa a seus olhos.
Tecidos que te confundem e te seduzem .
Porque ela confunde com as cores e com os cheiros.
Cores nobres da natureza.
Ervas finas e fortes que te encantam.
Ela cheira à canela, tem cor de canela e te olha canela.

E ondula o ventre.
Te chamando e se recusando aceitar você.
Você é fraco, ela sabe que se rende.
Ela brinca com você.
Brinca com seu ego.
Balançando medalhas barulhentas, 
que te encantam.

Ela dança o punhal, e com o punhal.
Olha fixo sua alma. Te desvenda as mãos.
Ela sabe. Vê. Gira à sua volta.
Ela te leva onde quiser.
Seu coração é dela, só dela.
E ela o quer...
Batendo com suas mãos quentes de unhas compridas.
Porque ela vai levar ele de você.

Se você perde o coração para ela, 
jamais o recupera.
Mesmo que ela não o tire fisicamente de você.
Porque ela balança o quadril e mexe os tecidos.
Fazendo barulhos com suas medalhas.
Ela te salva de tudo e de todos.

Ela é anjo.
Pedaço de paraíso.
Ondula o corpo como nenhuma outra.
Ela te encanta com seu olhar profundo.
Que ilumina todo o sempre, 
todo seu caminho.
Porque ela é cigana.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Vermelho Perigo

A moça com unhas vermelhas, 
signo de escorpião e um calor possessivo. 
Transpirando sensualidade, cada poro.
Tirando sossego de muitos e muitas.
Odiada pelo andar felino.
Olhar de águia. Caça noturna.

Aromas na brisa que sopra
e balança seus cabelos.
Ombros nus e unhas vermelhas.

Vermelhas como pétalas de rosas.
Vermelhas como gotas de sangue.
Talvez, como rosas de sangue.
Mas vermelhas, muito vermelhas.

Os corações dos que à acompanham,
batem conforme a batida das unhas,
na mesa, no copo, no corpo.

A inveja das que a veem, 
transparece no rubro das faces.
Maçãs... vermelhas.
Inveja... vermelha.

Ela joga, vermelho.
Conquista, vermelho.
Ama, vermelho.
Sente, vermelho.

A moça com unhas vermelhas...
Te despe das vestes, do sossego.
Deixa marcas na pele.
Marcas vermelhas, como as unhas.
O perigo marcado em vermelho.

Ela te puxa e te absorve no vermelho.

Mais marcante que o vermelho, 
só o castanho dos olhos.
Se passa do vermelho ao castanho.
Já é tarde. Sem volta.

Unhas vermelhas.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ogro arrumadeira

O ogro de tutu, 
saltita pela cozinha.
Vai forma e vem farinha.
Cantarolando com a voz rouca de doer...

Ogro de muitos pelos nas axilas.

O ogro arruma o armário por cores. 
 Banheiro extremamente organizado.
Lencinhos de papel na cabeceira.

Milímetros de perfeição.

O ogro abraça e sente.

Pobre do ogro...
Que o enxergamos assim. 
Agora peço licencia, pois o ogro fez biscoitos para mim!!!

Selena


Luna, como a lua. Ela mudando de fases. Às vezes pede romance, outras quer atenção... Algumas vezes cede aos desejos que à queimam intensamente, com rigor e intolerância, levando o corpo àquele abismo do qual é difícil sair sem outro corpo ou uma dose sublime de paciência.  Tendo aqueles pensamentos condenados, supostamente pecaminosos. Segredos da intimidade entre substantivos. Com raios que abrangem com delicadeza, preguiçosamente. Brilhando na escuridão da noite.
Luna, personificação deusa da noite. Sem rigores demasiados. Oposta à ele que vem sempre da mesma forma. Com a mesma aparência. Mesmo que mude aos poucos... Não admite. Chame-o senhor, ele te acompanha. Ele, razão? Ela, intensidade! 
Ele não se emociona, não emociona outros. Não brinca. Não sonha. Não chora. Não despede. Não lamenta. Não vibra. Não se flexiona. Não ri. Não quer sentir... Aceitar é para fracos e oprimidos, quem pensa se impõe. Tira o vital de tudo. De todos. É preciso crescer.
Ela carrega o peso dele. Atos dele. Não deixando de valsar leve ainda assim. Porque seu nome podia ser Tolerância. Talvez destino... Aquela força oculta e pertinente. Também não sonha, mas deseja o sonho. Sente as batidas de cada coração. Segundo a segundo. Ela conhece você. Seus desejos. Com ele você jamais conversaria, mas ela é agradável. Me confesso à ela. Íntima à mim.
Ele sem ela não existiria. Ela sem ele continuaria sendo ela. Sem fases. Sem mudanças. Sem graças. Se ela não se doa, não é amor. Ele morreria por ela.
O mundo sabe quando eles se encontram. Escuro. Receio. Admiração. Inspiração. Cantem à eles, dancem por eles. Não deixem-se levar por consciências vãs. Ideias roubadas na calada da noite.
Cada ser precisa ser à seu modo de ser. 
Luna como a lua. Hoje crescente. Sempre presente. Pobremente admirada... por mim.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Homenagem à um bichino no teto.



Caminho pelo teto.
Cabeça alta? Cabeça baixa?
Cabeça elevada?

Zanzando e ziguezagueando.

Paro - em pensamento? - e olho a mancha à minha frente.
Abismo...?
Lago...? 
Lógica...?

Passando do lado de uma lâmpada...
Calor.
Fogo que destrói?
Aquecimento.Agasalho.

Para trás sempre.
Evolução, é ser uma barata no teto!

Eu.

Um

Sozinho você é um. Entre a multidão você é mais um.Amando, você é um com. Com os amigos você é um com. Com alguém que você suporta é um apesar de. Com alguém que te marcou, um passado. Esperando algo, um futuro. Acaando consigo mesmo é aquele. Se morre, era. Mas para mim é diferente: você é, foi e sempre será uma parte importante.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Beijo

Enlace... 
sentimento, sentido.
Momento vivido.
Toque entre os corpos...
Desafiando leis, 
quebrando tabus.

Breve como piscar, 
intrigante como o voo do beija flor.
Troca de amor.

Beijo.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mágica


Solidão

Esse meu estilo de ficar quieta,
desabafando com as paredes.
intriga.

No canto, do quarto fechado e escuro.
Aguardo parar de doer, 
amenizar, 
fechar o buraco, 
cicatrizar a ferida aos poucos.

Esse meu estilo de me vingar do não-amor.
De dizer que quero que seja diferente.

Essa minha forma esquisita de procurar luz, 
jazendo na utopia.
Silêncio.

Minha cabeça dói.
Pensar é pesado demais, 
denso demais,
longo demais.

Essa minha forma drástica de pedir o sossego da morte.
Esse abismo que está na minha frente, 
com o qual brinco de pega pega.

Esse jeito estúpido de gritar com a mente.
De não dizer tudo que penso.
Preciso de vida.

Silêncio forçado



Eles nos calam.
Nos fazem guardar um silêncio forçado.
Dizem que não temos provas, que não podemos.
Temos medo.
Medo dos lados, das forças...
Medo do que pode acontecer se contarmos a verdade.

Nos silenciam.
No escuro, no canto. Oprimindo nossas almas.

Liberdade falsa.
Cheia de abusos alheios.
Controlados pelo sistema.
Não existe lugar para a verdade, 
mas para a vaidade...
Oras, tanto para a vaidade quanto para o poder.

Nos aquietam.
Dizem que não temos provas.

Choro. Muitas lágrimas correm pelo rosto.
Violência, presságio do futuro.
Processo da vida.

Eles nos calam.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Carnificina




Porque me rasga de dentro para fora. 

Saí destruindo o que era belo, 
destruindo a arte,
assassinando a vida.

O que é bonito não merece continuar.

Porque me queima por dentro.

Desejo de ver o mundo por uma nova ótica, 
uma rebeldia,
teimosia,
acíclica.

Porque quero destruir a rigidez.

Que nos é imposta "goela" abaixo.
E aceitamos pacificamente.

Não mais...
EU NÃO QUERO MAIS!!
É muito triste.

Porque me rasga de dentro para fora.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ódio consome.

Vontade...
De matar, de morrer, de mover. 
Corpo queima de ódio, 
células que se agitam ao toque...
Não te amo!
Não te quero!
Estou mentindo!
Murro em ponta de faca.
Vaidade que quebra paredes.
E o amor lá...
Escondido, diminuto, 
aborrecido em um canto escuro.
Clamando uma migalha de atenção.
"Deixe-me curar você."
Mas o ódio é mais forte, 
impulsionando para frente.
A frente é o nada, 
limbo de quem se destrói.
Rompe consigo mesmo.
E o amor lá, naquele canto...
"Deixe-me curar você."
Não posso mais!
Minha destruição está completa...
Fui consumida pelo ódio.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Desconexo.


Voar.
Vento.
Vértice.
Vida.
Vontade.
Vencer.
Verdade.
Vazio.
Volúpia.
Vulnerável.
Venerável.
Visão.
Vozes.
Violão.
Vago.
Vulto.
Veste.
Virgem.
Vastidão.
Desconexo.

Iacêe.

Ia ser. Mas não foi.
Iacêe, ia ser..
Não serve.
Iacêe... Iacêe...
Deixa ser, Iacêe.
Iacêe está dentro de você.
Liberta, Iacêe!
Iacêe flui.
Iacêe, ia ser.
Iacêe não ia.
É!
No fundo profundo, 
vive Iacêe.
Iacêe toma fôlego.
Iacêe precisa voar.

Deixa Iacêe, deixa.